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COP30: sustentabilidade começa nas pequenas decisões de consumo
Educação ambiental ajuda a transformar políticas em realidade
Radioagência Nacional - Por Priscila Thereso
Publicado em 16/10/2025 14:23
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© Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Cada vez mais próxima, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima ganha destaque nos noticiários, no debate público, nas conversas entre os brasileiros. A COP 30 está marcada para novembro, em Belém do Pará. Mas você sabe qual a importância dessas negociações climáticas na nossa vida cotidiana?

Essas discussões podem parecer distantes para quem não participa diretamente delas, mas cada decisão tomada nas COPs afeta o dia a dia de todo mundo: desde a qualidade do ar que respiramos até o preço da comida e do custo de vida, como explica o diretor-geral do Instituto Akatu, Lucio Vicente.

"O que acontece nessas negociações se traduz, obviamente, em políticas públicas, investimentos e compromissos que determinam se vamos ter acesso, por exemplo, à água limpa, se vamos sofrer mais ou menos com enchentes, secas, ondas de calor, ou seja, é o futuro do planeta, mas também é o futuro da nossa vida, né? Como como seres humanos e, obviamente, de outros seres vivos que conosco coabitam o planeta Terra."

Lucio lamentou que um dos pontos pouco presentes nos debates oficiais seja o consumo — que conecta as pessoas aos sistemas produtivos e é responsável por grande parte das emissões de gases de efeito estufa.

"Isso é uma contradição, porque as nossas escolhas de consumo, elas moldam os mercados, né? Pressionam as empresas e até influenciam essas mesmas políticas públicas. Por isso que levar o consumo consciente para o centro da agenda é fundamental porque não é só sobre governos decidirem metas, é também sobre como cada cidadão pode, com as suas escolhas diárias, ajudar a transformar essas metas em realidade. "

Além da importância de pensar antes de comprar, o diretor-geral do Instituto Akatu destaca que é preciso questionar de onde as coisas vieram, como foram produzidas. Nós, consumidores, também somos cidadãos e profissionais que tomam decisões em empresas, no governo... E essas decisões têm peso sobre a questão climática.

"Decisões sobre como o produto é desenhado, como ele foi produzido, quais são os materiais que foram utilizados, como funciona a logística de transporte desses produtos, as embalagens que foram utilizadas e a até a forma como a gente comunica o consumidor, as pessoas que vão de alguma forma utilizar esses produtos e serviços que a gente oferece. Quando uma empresa toma melhores decisões, ela reduz impactos ambientais, evita desperdícios e se torna parte da solução. E cada pessoa que tá lá dentro, né, dessas empresas, dessas organizações, pode puxar esse movimento e fazer com que esses impactos sejam melhores pra sociedade e pro meio-ambiente."

Lucio aponta seis passos simples para pensar no consumo consciente:

"Primeiro é perguntar por que comprar, se realmente a gente precisa disso que a gente tá querendo comprar. Depois, o que comprar, escolhendo versões mais duráveis, reparáveis e sustentáveis. Na sequência, como comprar, considerando compartilhar, alugar e até comprar de segunda mão. O quarto passo é de quem comprar, dando preferência a produtores, dando preferência a marcas empresas que são comprometidas com as questões socioambientais. O quinto é como usar cuidando para evitar o desperdício, aumentar a vida útil, consertar as coisas ao invés de descartar. E por último, como descartar. Depois do uso que a gente teve de bens e serviços, como é que a gente dá o destino correto? Como é que a gente pode direcionar para reciclagem?"

Outras decisões do dia a dia nas cidades, como optar pelo transporte coletivo e reduzir o uso de descartáveis; ou no campo, como usar a água de forma mais eficiente, diversificar culturas e reduzir uso de agrodefensivos, são escolhas impactam na questão climática, afirma Lucio Vicente.

"Tanto o produtor quanto consumidor fazem parte da mesma cadeia. Quando o campo, por exemplo, adota práticas sustentáveis e a cidade valoriza esses produtos, a gente cria um círculo virtuoso que beneficia todo mundo, o meio-ambiente, a economia e a sociedade."

Segundo Lucio, a educação ambiental é a chave para entender melhor como cada escolha impacta no meio ambiente, no clima e na vida de cada um.

" A educação ambiental não acontece só na sala de aula, dentro da empresa, mas também em casa, no trabalho, nas ruas, em cada decisão de consumo, em cada decisão do sistema produtivo. É um aprendizado que começa na infância e acompanha todos nós durante toda a nossa vida adulta, renovando as práticas e consequentemente fazendo com que a gente seja sempre  um impulsionador de mudanças e também reinserindo na nossa mente novas formas que sejam colaborativas e consequentemente mais impulsionadoras de mudanças positivas."

A COP 30 começa em 10 de novembro e tem atividades até dia 21, em Belém, no Pará. Antes do início da conferência, ocorre a Cúpula de Chefes de Estado, em 6 e 7 de novembro. A estimativa é de que a capital paraense receba cerca de quarenta mil visitantes durante os principais dias do evento. 

Fonte: Radioagência Nacional
Esta notícia foi publicada respeitando as políticas de reprodução da Radioagência Nacional.
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