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Sociedade civil critica rascunho de documento final da COP30
Negociações para fechar texto de consenso da conferência continuam
Radioagência Nacional - Por Gésio Passos
Publicado em 22/11/2025 09:15
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© Bruno Peres/Agência Brasil

Enquanto as negociações em torno do documento final da COP30 ocorrem em Belém, representantes da sociedade civil criticaram a falta de ambição das nações para alcançar as metas climáticas previstas no acordo de Paris, que busca reduzir a temperatura do planeta.

Para o Observatório do Clima, a prévia do texto não avança na proposta do Brasil de uma rota do caminho para a transição dos combustíveis fósseis, o que atende aos interesses dos países petroleiros, os chamados LMDCs, sigla em inglês que significa Grupo de Países em Desenvolvimento com Pensamento Afins. Segundo Stela Herschmann, especialista em política climática do Observatório, a COP de Belém não será bem-sucedida se esses desequilíbrios permanecerem nas decisões da conferência:

"Não há menção a combustíveis fósseis em nenhum dos textos, o que torna qualquer resposta aqui insuficiente. Na parte sobre financiamento, porque ele cria o programa de dois anos, é sobre financiamento público, 9.1, que era o grande pleito dos árabes e LMDCs. Mas, como ele faz uma conexão com o artigo 9º como um todo, que era o pleito dos países desenvolvidos, a gente tem que esperar para ver a reação dos árabes e LMDCs para saber se isso vai ser suficiente."

Desmatamento

Carolina Pasquali, diretora executiva no Greenpeace Brasil, ressalta a falta de ambição nas metas climáticas, principalmente para zerar o desmatamento:

"O pacote, o que a gente está chamando de uma resposta à falta de ambição nas NDCs, que são as metas dos países, que não entregam um caminho para a gente limitar o aquecimento global a 1,5 °C, isso não está presente, porque isso se traduz em dois mapas do caminho. Aquilo que o presidente Lula falou desde o primeiro dia: um mapa do caminho para superar os combustíveis fósseis e um mapa do caminho para chegar ao desmatamento zero até 2030, isso sumiu. A gente não tem nem caminho e nem mapa mais."

Financiamento

Outro problema apontado pelos ambientalistas é a falta de empenho dos países ricos para o financiamento das nações em desenvolvimento. Mas Karen Oliveira, da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, considera um avanço a possibilidade de triplicar o valor dessa ajuda para a adaptação climática:

"O item de financiamento, que era um outro ponto bastante crítico durante essas duas semanas, segue sendo uma grande dúvida, inclusive dentro da agenda de adaptação, que nós tivemos, sim, um avanço, com a adoção dos 59 indicadores, mas nós sabemos que o financiamento para adaptação é uma grande necessidade. Há a expectativa do comprometimento de triplicar esse financiamento, e temos que aguardar as negociações."

Nessa reta final da conferência, o Brasil buscou a criação de um mutirão para tentar destravar as negociações. Lembrando que é preciso o consenso de todos os 194 países participantes da COP30 para o encaminhamento final.

Fonte: Radioagência Nacional
Esta notícia foi publicada respeitando as políticas de reprodução da Radioagência Nacional.
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